Olá
leitores! Hoje eu tenho uma super novidade para vocês! A autora querida Rossana Cantarelli Almeida disponibilizou para seus
parceiros o primeiro capítulo do seu livro Apenas respire-Rock e perfume, Não é
demais?!
Sem mais delongas aí vai:
Apenas Respire
por Rossana Cantarelli Almeida
Editora Multifoco
Selo Desfecho
Capítulo 1
“Srta. Isabela Alencar,
É com satisfação que a Dawn
Sunless aceita participar da sua pesquisa de doutorado pela
Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro, disponibilizando três meses em estúdio para a
pesquisa. O período iniciará no
próximo mês.
Att.
Dawn Sunless.”
Eu não estava acreditando!
Gritava e pulava dentro da minha sala na universidade:
“Consegui, consegui, consegui!”.
Eles tinham me respondido e, melhor, aceitado. Fazia seis meses
que eu havia mandado o e-mail.
Até já tinha perdido as esperanças de receber uma resposta.
Li várias vezes para ter certeza
que era verdade. E era. Inacreditável!
Meu nome é Isabela Machado
Alencar, tenho trinta e um anos, sou professora
universitária da Unirio e
doutoranda em música. Estudo música desde os dez anos de idade.
Comecei estudando violão e depois
guitarra. Fiz faculdade de Música na Universidade Federal de
Santa Maria. Entretanto, como
meus pais achavam que eu poderia não ter futuro promissor com a
música, cursei também a Faculdade
de Direito na mesma instituição. Gostava do Direito, mas
minha grande paixão sempre foi a
música ou, melhor dizendo, a guitarra.
Eu e meu irmão Fernando sempre
fomos apaixonados por música. Comecei no
violão, depois aprendi guitarra,
e meu irmão sempre tocou bateria, mas não seguiu a carreira
musical, coisa que meus pais
aprovaram. Hoje ele é médico.
A guitarra entrou em minha vida
após eu ser apresentada, pelo Fernando, às
bandas de heavy metal ainda na
adolescência. Mas uma banda me chamou mais a atenção: Dawn
Sunless. Eles tocavam de forma diferente.
Era um som mais trabalhado. A textura daquela guitarra
me envolveu, encantou-me,
apaixonei-me de verdade.
Nunca fui uma boa guitarrista,
apesar de estudar bastante o instrumento. Sempre
achei que tinha a técnica, mas
não o talento. Por isso, não participava com entusiasmo do cenário
roqueiro da minha cidade. Toquei
em uma banda cover na adolescência, mas esse foi o máximo que
fiz. Eu conhecia muito bem o
instrumento. Tocava, mas me interessava mais em estudá-lo.
Quando me formei em ambas as
faculdades, surgiu a primeira oportunidade
profissional: concurso para a
Assessoria Jurídica da Marinha do Brasil, para o cargo de oficial. Eu
estava com vinte e um anos de
idade. Estudei bastante e passei. Com isso, fui morar no Rio de
Janeiro, deixando minha família
no Sul.
Como militar, sempre fui atuante
na Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais
da Marinha. Nessa época, aprendi
a tocar vários instrumentos e também comecei a estudar arranjos
musicais. Eu sempre tive
facilidade com instrumentos. Sentia que a música estava no meu sangue.
Após alguns acontecimentos
imprevistos na minha vida, comecei o mestrado em
música, pois percebi que essa era
minha verdadeira vocação.
Concluí o mestrado na Unirio e
surgiu a chance de fazer concurso para o corpo
docente dessa faculdade. Foi
quando pedi baixa da Marinha e me dediquei exclusivamente à
docência.
Apesar de adorar dar aulas, senti
que queria mais da música. Decidi trabalhar com
produção musical. A partir daí,
fiz vários cursos em produção musical no Brasil e também um curso
numa universidade nos Estados
Unidos.
Com um bom currículo na área, fui
convidada para produzir bandas de rock
nacionais. Uni o útil ao
agradável: música e trabalho.
Com a necessidade profissional,
comecei a fazer doutorado também na Unirio e
minha pesquisa voltou-se para
composição e arranjos musicais. Queria estudar como uma banda
consagrada há anos, com os mesmos
integrantes, adapta-se com a troca de algum deles.
Durante meu período de créditos
do doutorado, a Dawn Sunless trocou o baterista.
Perfeito! Porque o antigo
baterista também era um dos principais compositores e líder da banda.
Mas como conseguir entrar em
contato? Como conseguir a chance de pesquisá-los? Porque é uma
fase em que os músicos estão
muito sensíveis, conectados na música, na criação, e ter uma pessoa
estranha acompanhando isso tudo
pode atrapalhá-los.
Graças a pessoas influentes que
conheci em algumas gravadoras, e também a uma
carta de recomendação de um
professor de Boston, consegui o contato da Dawn Sunless e mandei
meu currículo com as
especificações da minha tese, perguntado se poderiam me conceder essa
oportunidade. Acreditava ser
quase impossível. Meus amigos diziam que era fantasiar demais com a
realidade. Bem, se não
aceitassem, eu teria que procurar outra banda ou trocar a linha de pesquisa
da tese.
Eu já tinha assistido a shows da
Dawn Sunless no Brasil. Realmente, eu gostava
demais deles. Sem falar no
guitarrista: maravilhoso! Mas o que me chamou muito a atenção foi que
eles eram extremamente
profissionais. O show era muito técnico. Parecia que se divertiam, claro,
mas não era o tipo de banda
rockstar. Pelo que sabia, os integrantes mantinham suas vidas privadas
fora dos holofotes.Passados seis
meses, recebi, então, o e-mail com a confirmação da minha
aceitação. Agora, era organizar
tudo e passar três meses só curtindo a minha banda favorita. Quer
dizer, estudando minha banda
favorita.
A euforia tomou conta de mim. Era
inacreditável que eu tinha conseguido.
Quando mandei o e-mail
solicitando minha pesquisa, imaginei que poderiam aceitar, mas a chance
era muito remota. Eu desconhecia
alguma pesquisa parecida com a minha da Unirio. Talvez isso
tenha despertado a curiosidade e
a vaidade do grupo. De qualquer maneira, eu iria, já estava quase
lá.
Eu tinha que ligar para meus
melhores amigos: Mila e Frederico. Ambos também
eram professores na Unirio. Mila
era professora de Direito, e Frederico, de Música. Tornaram-se
meus melhores amigos desde que
comecei o mestrado e seguraram algumas barras comigo.
Confiava demais neles, faziam
tudo por mim, eram minha família no Rio. Eles eram as pessoas
mais incríveis que eu conhecia.
Estávamos sempre juntos, na alegria e na tristeza. Então, eu
precisava contar a eles, pois
sabiam exatamente da minha idolatria à Dawn Sunless. Eles riram
quando contei que entrei em
contato. Acharam impossível, um sonho, uma fantasia.
– Fala, Isa – disse Mila.
– Você não vai acreditar no que
acabei de receber… – fiz suspense.
– De comer ou de beber? – quis
saber sempre brincalhona.
– De comemorar com comida e
bebida.
– Oba! Comemoração é comigo.
Agora conta que estou ficando nervosa e tenho
que entrar numa reunião chata.
– A Dawn Sunless me respondeu –
finalmente disse.
Silêncio do outro lado. Após uns
segundos, ela perguntou:
– Jura? O que disseram? –
perguntou ansiosa.
– Eles me deram três meses em
estúdio para a pesquisa – falei gritando.
Ouvi uma gritaria do outro lado
do celular.
– Você conseguiu, garota. Não
pode ser verdade. Bem, você não brincaria com
isso. Claro que não. Que loucura.
Quando você vai? Temos que comemorar. Vamos beber!
– Mês que vem. Ainda não acredito
também. É tanta coisa que tenho que
organizar. Nem sei. Também achei
que não conseguiria. Agora vou ligar para o Frederico. De noite
a gente se encontra para
comemorar. Beijo. Te amo.
Assim, desliguei o telefone e
liguei para o Frederico.
– Fred, está podendo falar?
– Só se for rapidinho – disse
ele.
– O que mais eu queria na minha
vida agora?
– Férias?
– Não. Digo nesse momento
profissional?
– Folga para uma cerveja? – ele
riu.
– Isso também e já intimo você
para tomarmos uma hoje de noite para
comemorar.
– Não vai falar o que é? Não
lembro de todos os seus desejos profissionais: férias,
promoção, dar aulas para a pós…
Espera aí. Comemorar? – disse ele intrigado.
– É sobre uma fantasia minha, que
vocês riram quando contei – disse.
– Maluca, não me diz que a Dawn
Sunless respondeu?
– Sim – fiz silêncio –, e me
aceitaram – falei gritando.
– Não! Quer dizer, sim – gritava
muito do outro lado. – Ai que inveja, por que eu
não tive essa ideia antes?! Temos
mesmo que beber todas hoje. Quando começa?
– Mês que vem. Eu estou quase
chorando de emoção. Parece que meu coração não
vai aguentar. Conhecê-los de
pertinho. Que isso!? Conviver com eles. Vou sugar tudo deles. Nem
vou falar mais nada. De noite nos
vemos. No barzinho de sempre?
– Ok, até às oito horas. Beijo.
Parabéns. Uhu!
Bem, agora era a hora da
burocracia: conseguir visto, falar com meu coordenador
e convencê-lo a me dar três meses
de licença. Contar ao meu orientador a novidade. Ainda bem que
eu tinha bolsa. Poderia ir aos
Estados Unidos como bolsista. Minhas despesas não seriam tantas
assim. Mas agora, eu precisava
comemorar.
Entrei em casa e liguei o rádio.
Estava tocando “Safe And Sound”, Capital Cities.
Cantei, dancei e chorei. Minha
vida tinha mudado tanto nos últimos cinco anos. Eu merecia muito
essa chance. Eu precisava voltar
a acreditar que sonhos podiam se tornar realidade.
Depois de comemorar com meus
amigos queridos, passei três dias com minha
família no Sul. Contei a eles que
iria a Nova Iorque ficar três meses em pesquisa. Ficaram
superfelizes e pediram detalhes.
Sempre foram preocupados comigo. Mas expliquei que era um
laboratório de pesquisa, que não
precisavam se preocupar. Eu estava indo a trabalho. O trabalho dos
meus sonhos. E eu ficaria bem.
Meu irmão quase enlouqueceu quando ficou sabendo. Minha mãe
me deu vários conselhos, mas
estava feliz por mim. Já fazia muito tempo que eu tinha saído de casa
e ela sabia que eu precisava me
distrair um pouco.
Meus pais são servidores
públicos. Acostumados à estabilidade. Nunca
entenderam como eu pude ter
largado a Marinha. Mas como eu também continuaria sendo
professora numa instituição
federal, não ficaram tão preocupados. A loucura foi quando eu disse que
deixaria o Direito para seguir a
carreira musical. Não gosto nem de lembrar a discussão que foi.
O interessante foi que quase
todos não viam essa oportunidade de ir a Nova
Iorque como um aprendizado, uma
pesquisa, muito estudo pela frente, mas como uma oportunidade
de me divertir, viajar, conhecer
pessoas. Fora meu orientador, claro. Para ele, eu estava com a
oportunidade da minha vida na
minha frente e não poderia desperdiçá-la. E eu não iria decepcionálo,
nem a ninguém e nem a mim.
Fiz todos os preparativos da
viagem: mala, visto, licença da faculdade. Nesse
momento, não estava produzindo
nenhuma banda por causa do doutorado, que me ocupava muito
tempo.
O mês passou rápido. Achei que
não daria conta de tudo. Mas, felizmente,
consegui.
Então, vamos a Nova Iorque.
Gostaram? Eu já estou amando!
Você pode compra-lo em:
Livraria Cultura: Apenas Respire-Rock e perfume
Por
hoje é isso leitores! Espero que tenham gostado do 1° Capítulo do livro da
nossa querida autora parceira.
Comentem
o que acharam e não se esqueçam de seguir o blog para ficar por dentro de
todas as novidades!
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